5 de mai. de 2012

"Gosto de ti" II

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"Desculpa." -Ouvi-a murmurar baixinho. - "Desculpa ter-te abandonado. Achas que podemos voltar a ser como antes...?"
Olhei-a estupefacto e balbuciei meia dúzia de palavras que ela não entendeu, a minha felicidade era tal que nem eu próprio me entendi. Ela riu, e esperou a minha resposta mantendo um sorriso embaraçado e um pequeno rubor nas maçãs do rosto.
"Mas diz-me, o que achas disso, de voltarmos a... namorar?" -Voltou a perguntar-me expectante, eu ainda não lhe tinha dado a minha resposta. - "Sei que é tudo muito repentino e sei que sou uma parva por ter acabado contigo como acabei, mas..." -Não a deixei acabar, não lhe respondi, em vez disso, levantei-me e ajoelhei-me ao lado dela, puxei-lhe o queixo e beijei-a, como nunca a tinha beijado, sentia a cabeça a roda.
Era assim que eu gostava que a nossa conversa tivesse sido, em vez disso, ficámos a olhar-nos durante minutos, a tentar perceber o que cada um estava a pensar. Ela suspirou e olhou para o café que entretanto tinha pedido.
"Acho que cometemos um erro, ao acabar, digo." - Arrisquei finalmente, depois de ter absorvido a situação.
"Não sei se concordo contigo Rodrigo..." - Respondeu ela com os olhos baixos, enquanto mexia o café, acho que lhe consegui ver uma pontinha de remorso. - "Eu gostei muito de ti, a sério que gostei, e ainda gosto, mas não da mesma maneira..."
Permaneci calado, observando a espuma do café da Joana.
"Depois de tanto tempo juntos, tornámo-nos... uma rotina." - Continuou ela com cautela, comecei a implorar á minha mente que me estivesse a pregar partidas novamente. - "Devias seguir em frente, Rodrigo."
"Devias seguir em frente, Rodrigo."
                                         "Devias seguir em frente, Rodrigo."
                                                                                       "Devias seguir em frente, Rodrigo."
 As ultimas palavras dela ecoaram-me na cabeça o resto do dia, como é que era possível sequer isto ter acabado? Voltei-me na cama, sozinho. Ia continuar assim durante muito tempo, não tinha tido muitas namoradas, antes da Joana tinham sido só coisas de miúdos. Ela era especial, e ela sempre soube disso, eu fazia questão de a lembrar de vez em quando. E agora... Agora ia ser especial para outra pessoa feliz, e pensar nisso fazia-me querer arrancar os cabelos.

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